CAVALEIROS DO TEMPLO


Este blog tem como objetivo único, cooperar em leituras e estudos voltados para o segmento Maçônico, com textos de diversos autores e abordagens diferentes para um único tema.

Por Yrapoan Machado






quinta-feira, 4 de novembro de 2010

A MAÇONARIA E A INDEPENDÊNCIA DO BRASIL - Capítulo - II


Rocha Martins, no livro citado, comenta que os patriotas do Clube da Resistência reputavam difícil a missão de José Mariano Coutinho, pois José Clemente Pereira, que era português, havia sido nomeado Presidente do Senado da Câmara por influência do General Jorge Avilez, comandante da Divisão Auxiliadora, força portuguesa de apoio às Cortes e que deveria retornar a Portugal com D. Pedro.
Mas o maçom José Clemente Pereira prestou sua inteira solidariedade ao movimento, sugerindo até que fixasse a data de 9 de janeiro para a entrega das representações de D.Pedro lhe afirmara que não hesitaria em ficar, se o pedido se fizesse através das representações do Rio, São Paulo e Minas.
Como era de se esperar, São Paulo e Minas aderiram. José Bonifácio era Vice-Presidente da Junta de São Paulo e redigiu a enérgica representação daquela Província, na qual advertia D. Pedro: “Nada menos se pretende do que desunir-nos, enfraquecer-nos e até deixar-nos em mísera orfandade, arrancando do seio da grande família brasileira, o único pai que nos restava, depois de terem esbulhado o Brasil, do benéfico fundador deste reino. Se V.A.R. estiver (o que não é crível) pelo deslumbrado e indecoroso Decreto de 29 de setembro, além de perder para o mundo a dignidade de homem e de príncipe, tornando-se escravo, de certo, de um pequeno número de desorganizadores, terá também de responder, perante o céu, do rio de sangue que vai correr pelo Brasil com sua ausência...”.
Essa manifestação paulista, redigida por José Bonifácio, cegou ao Príncipe no dia 8 de janeiro.
Entrementes, o “Clube da Resistência” e a Loja “Comércio e Artes”, unem-se a pugnar na elaboração do “Fico”. Acertou-se que a palavra oficial da representação fluminense seria dirigida por José Clemente Pereira, na qualidade de Presidente do Senado da Câmara e membro da Loja “Comércio e Artes”.

Ao meio-dia de 9 de janeiro, o Príncipe D. Pedro recebeu os representantes. Em seu longo discurso, José Clemente Pereira afirmou-lhe: “Senhor, a saída de Vossa Alteza Real dos Estados do Brasil será o fatal decreto que sanciona a independência deste Reino. Exige, portanto, a salvação da Pátria que Vossa Alteza suspenda a sua partida, até nova determinação do soberano Congresso”.
Em resposta, proferiu D. Pedro: “Convencido de que a presença de minha pessoa no Brasil, interessa ao bem de toda a Nação portuguesa e conhecendo que a vontade de algumas províncias assim o requer, demorarei a minha saída até que as Cortes e meu Augusto pai e Senhor deliberem a esse respeito, com perfeito conhecimento das circunstância que têm ocorrido”.
Mas suas palavras não foram bem recebida. Pelos militares portugueses, porque refletiam elas o adiamento de sua partida para Lisboa e, pelos brasileiros, porque nelas não sentiram sua decisão de ficar.
Solicitada sua presença pelo povo, que prorrompeu em aplausos, D. Pedro assomou a uma das janelas do Paço e disse-lhes: “Agora só tenho a recomendar-vos união e tranqüilidade”.
Depois que todos se retiraram, verificou D. Pedro que nem aos brasileiros nem aos portugueses satisfizera. Por interferência de alguns membros do “Clube da Resistência”, que com ele mantinham estreita ligação, mandou chamar horas depois o Presidente do Senado da Câmara e determinou-lhe que substituísse a resposta que dera por esta: “Como é para o bem de todos e felicidade geral da Nação, estou pronto: diga ao Povo que fico”.
No dia 11, o General Jorge Avilez, Comandante da Divisão Auxiliadora, convocou oficiais de vários corpos de tropa e, entre eles, ficou assentada a volta de D. Pedro para Portugal, como ordenaram as Cortes. Combinaram, também, que para levantar toda a tropa seria necessário espalhar a notícia de que aquele General havia sido destituído do comando pelo Príncipe. Assim o fizeram. À noite, soldados portugueses percorreram as ruas, dirigindo insultos aos brasileiros e provocando distúrbios. Boatos começaram a circular, alarmando a cidade.
D. Pedro naquele momento estava no Teatro São João, quando chegou a seu conhecimento a agitação das ruas. Imediatamente, chamou o Brigadeiro Carreti e ordenou-lhe que mantivesse a ordem. Carreti deixou o teatro,voltando momentos após, para comunicar a D. Pedro que os soldados já estavam recolhidos. Os patriotas do “Clube da Resistência” colocaram D. Pedro a par de todas as ocorrências, pois mantinham vários agentes espalhados pela cidade. A peça do teatro terminara, quando veio informação de que a tropa de Avilez se  movimentava para cerca-lo. D. Pedro, acompanhado dos membros do Clube e de oficiais brasileiros, seguiu para São Cristóvão. Ao chegar na Quinta de Boa Vista, providenciou a ida da família para Santa Crua.
Em conseqüência de enfermidade adquirida na longa viagem a Santa Cruz, veio a falecer o filho de D. Pedro, o príncipe João Carlos, de 3 anos.
Decepcionado com o malogro do plano para deter D. Pedro no Teatro, mas nutrindo, ainda, a idéia de forçá-lo a cumprir as ordens das Cortes, Avilez determinou que a tropa portuguesa tomasse posição no Morro do Castelo, de onde passaria a dominar toda a cidade. No dia 12 pela manhã, enquanto a tropa de Avilez se encontrava em atitude ameaçadora, chegaram ao Campo de Santana as forças de 1ª linha, que ficaram fiéis ao Príncipe, regimentos de milicianos e batalhões patrióticos organizados pelo “Clube da Resistência”. Por toda a parte os movimentos da reação se multiplicavam. Arranjaram-se de improviso as armas possíveis do momento: espingardas velhas, trancas, cacetetes e até cacos de garrafa. Todos queriam combater.

Às oito horas da manhã, D. Pedro chegou ao Campo de Santana, sendo aplaudido. Chamou o Capitão-tenente José de Lemos Viana e ordenou-lhe que dissesse a Avilez que embarcasse com sua tropa para Lisboa. O General respondeu-lhe que não lhe atenderia, porque suas ordens contrariavam o que as Cortes haviam decidido. À tarde, D. Pedro mandou o General Xavier Curado entender-se com Avilez. O acordo foi estabelecido. Avilez passaria imediatamente com sua tropa para a Praia Grande, sujeitando-se às ordens do Príncipe e recebendo o soldo devido, juntamente com a tropa, até sua viagem para Portugal.
No dia 5 de fevereiro, Avilez foi intimado a deixar o Brasil. Determinou D. Pedro que, se não o fizesse, perderia o direito ao soldo e à comida. Avilez não embarcou. No dia 9, Dr. Pedro para bordo da Fragata “União” e mandou dizer-lhe que, se na manhã do dia 10 não começasse a embarcar sua tropa, iria atacá-lo. Na manhã do dia 10, Avilez iniciou o embarque e, no dia 15, zarpou do Rio de Janeiro.
Depois do vitorioso episódio do FICO, o “Clube da Resistência”, sob a direção de José Joaquim da Rocha, foi transformado em “Clube da Independência” e, mais tarde, na Loja “9 de janeiro”.

BIBLIOGRAFIA
Esta obra dividida em capítulos com o nome de A Maçonaria na Independência do Brasil, foi escrita
 por Teixeira Pinto, a quem creditamos toda a nossa alegria em poder postar.



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