CAVALEIROS DO TEMPLO


Este blog tem como objetivo único, cooperar em leituras e estudos voltados para o segmento Maçônico, com textos de diversos autores e abordagens diferentes para um único tema.

Por Yrapoan Machado






segunda-feira, 8 de novembro de 2010

MAÇONARIA E A INDEPENDÊNCIA DO BRASIL - Capítulo III

REPERCUSSÃO NAS LOJAS MAÇÔNICAS – A ASEMBLÉIA CONSTITUINTE
Prosseguiu desenvolvendo-se, intensamente, o movimento da emancipação política, sempre com a iniciativa dos maçons. Mário Melo, em seu livro “A Maçonaria no Brasil”, anota que ninguém era iniciado nas Lojas Maçônicas sem que fosse conhecida sua opinião sobre a Independência do Brasil e os candidatos assinavam um termo de compromisso de defendê-la.
No dizer do historiador Assis Cintra, “a independência era fatal, era um fruto maduro pendente da árvore, prestes a ser colhido. Em todos os recantos fervilhava o ardor patriótico. Nas Lojas Maçônicas, generais, doutores, juizes, almirantes, funcionários públicos, capitalistas, fazendeiros, artífices e até padres dos mais ilustres desse tempo, conspiravam” (v. “Na Margem da História”).
Em abril de 1822. estava D.Pedro tão enfeitiçado pelo Brasil que escreve a Antônio Carlos, deputado paulista às Cortes de Lisboa, havendo na carta o seguinte trecho: “Eu o conheço como o mais digno deputado americano; conheça-me a mim como o maior brasileiro, e que pelo Brasil dará a última gota de sangue”.
Domingos Alves Branco Muniz Barreto em sessão da loja “Comércio e Artes”, propôs que se desse ao Príncipe um título conferido pelo povo, de “Protetor e Defensor Perpétuo do Brasil”. A idéia foi aprovada por todos e marcaram a data de 13 de maio, dia do Aniversário de D. João VI. D. Pedro disse que aceitava o Título, mas sem o “Protetor”, apenas como “Defensor”.
Avançava, desse modo, a evolução política para o 7 de setembro de 1822, tudo temperado e argamassado nas disposições cada vez mais fortes das Lojas Maçônicas.
Gonçalves Ledo, Januário Barbosa e Clemente Pereira lançam a idéia da convocação de uma Constituinte e solicitam uma audiência a D. Pedro, por intermédio de seu ministro José Bonifácio. Inteirado do objetivo da audiência, D. Pedro escreve a D. João VI expressiva carta, mostrando-se francamente favorável à idéia dos maçons. Diz D. Pedro ao Rei: “É necessário que o Brasil tenha Cortes suas: esta opinião generaliza-se cada dia mais. O povo desta capital prepara uma representação que me será entregue para suplicar-me que as convoque, e eu não posso a isso recusar-me, porque o povo tem razão, é muito constitucional, honra-me sobremaneira e também a Vossa Majestade, e merece toda sorte de atenções e felicidade. Sem Cortes, o Brasil não pode ser feliz. As leis feitas tão longe de nós por homens que não são brasileiros e que não conhecem as necessidades do Brasil, não poderão ser boas. O Brasil é um adolescente que diariamente adquire forças, deve ter em si tudo quanto é necessário (...), é absurdo retê-lo debaixo da dependência do velho hemisfério”.
Gonçalves Ledo e Januário Barbosa redigiram o projeto e, no dia 3 de junho, publicou-se o Decreto firmado pelo Príncipe Regente e José Bonifácio, “convocando a Assembléia Geral Constituinte e Legislativa, composta de deputados das Províncias do Brasil, novamente eleitos na forma das instruções que em Conselho de acordarem e expedidas com a maior brevidade”.

O IMPERADOR MAÇOM – “INDEPENDÊNCIA OU MORTE”

Era preciso, ainda, fazer maçom o Príncipe D. Pedro. José Bonifácio já lhe falara da Maçonaria, da ação de Gonçalves Ledo e outros líderes maçônicos. Não seria ele o primeiro Príncipe a conhecer os preceitos da Ordem. Reis e Imperadores, na Europa, haviam sido maçons. Assim, a 13 de julho de 1822, foi aprovada sua proposta de admissão, endossada por José Bonifácio. A 2 de agosto, D. Pedro era iniciado na Loja “Comércio e Artes”, “ardendo em curiosidade, a fantasia despertada pelo mistério de um rito perfumado de magia oriental” – como escreve Pedro Calmon, em “A Vida de D. Pedro I”.
Recebeu o nome histórico de “Guatimozim”. Mas, por que “Guatimozim” e o que significava isso? Trata-se do último imperador azteca morto em 1522, conforme conta-nos, parabolicamente, o historiador Rocha Martins, em sua obra “A Independência do Brasil”: “Era uma vez, nos tempos recuados de 1697, um imperador azteca, de Anahuac, México... Vieram de longe, de 1522, os conquistadores e ele, de armas em punho diante do Cortez audaz que lhe queria tesouros. Ele, o filho do Rei Ahintzot, sucessor do Irmão de Montezuma II, deixara reclinar o seu corpo em brasas, preferira ser chagado sobre as grelhas rubras, que os soldados conduziam como se fossem inquisidores; ser martirizado, sofrer as mordeduras do lume nas suas reais carnes antes que dizer aos bárbaros onde ocultava a opulência, as riquezas e as magnificência do seu império”. “E D. Pedro, regente, devia meditar muito no simbolismo, na realeza, nos carvões candentes”.
Da iniciação ao Grão-Mestrado, o certo é que o ingresso de D. Pedro na Maçonaria resultou de sua mais íntima ligação com a causa de independência. Foram os maçons que o proclamaram Imperador e, em conseqüência, a própria libertação política do Brasil, em sessão de 20 de agosto do Grande Oriente do Brasil, quando D. Pedro se encontrava em viagem para São Paulo. Na verdade, como afirmam em uníssono os historiadores, maçônicos e profanos, no 20 de agosto de 1822, Gonçalves Ledo propôs e se aprovou por unanimidade “que fosse inabalavelmente firmada a proclamação de nossa independência e da realeza constitucional na pessoa do augusto príncipe”.  Aliás, o próprio Ledo, em vibrante artigo no “Revérbero”, já o concitara antes: “Príncipe! Não desprezes a Glória de ser o fundador de um novo império”. Em nota à margem do livro “História da Independência do Brasil”, de Adolfo Varnagem, escreve o Barão do Rio Branco. “No dia 23, em outra sessão, ainda presidida por Gonçalves Ledo, continuou-se a discussão. Por proposta sua, foram nomeados os emissários, que deviam ir tratar a aclamação nas diferentes províncias, entre eles, Januário Barbosa, designado para ir a Minas. João Mendes Viana, para Pernambuco, e José Gordilho de Barbuda, para a Bahia. Vários maçons ofereceram as somas necessárias para as despesas de viagem”.
Assim, na tarde de 7 de setembro de 1822, às margens do Ipiranga, D. Pedro limitou-se com seu gesto a promulgar o que já fora resolvido a 20 de agosto no Grande Oriente do Brasil.
                                                                                                                            
Perguntam-se, entretanto, os escritores da história: Que papéis foram aqueles recebidos por D. Pedro, de que foram portadores Paulo Bregaro e Antônio Cordeiro? Nenhum documento esclarece quais os papéis que, “... pouco mais ou menos às 4 e meia da tarde”, D. Pedro recebera das mãos do Major Cordeiro e do Correio Bregaro. Por que tantos documentos secretos foram divulgados e só aqueles que impeliam D. Pedro a proferir o brado histórico não se publicaram. Que segredos, que assuntos tão misteriosos continham eles? Se a própria correspondência confidencial entre D. Pedro e D. João tornou-se do conhecimento público, o que impediria que outras pessoas se inteirassem dos papéis entregues a D. Pedro e que, depois, os divulgassem?
Gustavo Barroso, com sagacidade, alvitra que deve ter sido entregue a D. Pedro alguma prancha do Grande Oriente do Brasil, aconselhando-o a assumir aquela atitude. D. Pedro, indócil e voluntarioso, atendeu às recomendações da Maçonaria.
Nem quanto ao grito teria ávido originalidade. Segundo Adelino de Figueiredo Lima, em “Nos Bastidores do Mistério”, “INDEPENDÊNCIA OU MORTE” era a denominação de uma das “palestras” da sociedade secreta “Nobre Ordem dos Cavaleiros de Santa Cruz”, conhecida por “Apostolado”. Sabe-se, hoje, que essa sociedade foi fundada por José Bonifácio. D. Pedro era, com o título de Archonte-Rei, o presidente, sendo José Bonifácio, já então Grão-Mestre da Maçonaria, seu lugar-tenente. O “Apostolado”, a que também pertenciam outros maçons ilustres, possuía rituais próprios, liturgia bastante severa e sinais e palavras de reconhecimento, exprimindo motivos patrióticos, o que evidenciava os fins políticos da sociedade.
A organização se assentava sobre três colunas fundamentais (“Palestras”), que por sua vez orientavam e dirigiam as pequenas assembléias locais (“Decúrias”). As “Palestras” constituíam três poderes distintos, correspondendo a primeira (“Independência ou Morte”), à “Alta Venda” do sistema carbonário; a segunda (“Firmeza e Lealdade”), à Cabana”, e a terceira (“Pátria Redimida”), ao que a antiga nomenclatura revolucionária européia chamava “Barraca”. José Bonifácio, que viajou por todos os países onde a “Carbonária” lançara seus tentáculos, deixara-se empolgar pelo sistema de organização da poderosa sociedade, mas procurou simplifica-la de acordo com a viabilidade nacionais. Indiscutível, afinal, é que a independência política de nossa terra foi, certamente, assinalada com o FICO, em 9 de janeiro, declarada pela Maçonaria em 20 de agosto e consagrada em 7 de setembro, com o brado do Maçom D. Pedro. Disse-o bem Gustavo Barroso, em sua obra “História Secreta do Brasil”: “A Independência do Brasil foi realizada à sombra da Acácia, cujas raízes prepararam o terreno para isso”.
Uma dezena de tomos e ainda menos o tempo desta sessão seriam insuficientes para registrar todos os fatos que vieram a culminar com a emancipação política do Brasil, em 1822.  Desse marco da História, contenta-nos a possibilidade de rememorar, hoje, a breves toques de buril, emocionantes feitos de uma plêiade de homens admiráveis, maçons como nós, mas intérpretes sagrados dos ideais da liberdade, magníficos patriotas, como já, infelizmente, não se vêm mais.
                                                                              
                                
                                                 
BIBLIOGRAFIA
Esta obra dividida em capítulos com o nome de A Maçonaria na Independência do Brasil, foi escrita por Teixeira Pinto, a quem creditamos toda a nossa alegria em poder postar.  
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