CAVALEIROS DO TEMPLO


Este blog tem como objetivo único, cooperar em leituras e estudos voltados para o segmento Maçônico, com textos de diversos autores e abordagens diferentes para um único tema.

Por Yrapoan Machado






quinta-feira, 25 de novembro de 2010

OS INCONFIDENTES - PARTE II

O CLERO
Os réus eclesiásticos por decisão “sui generis” da Comissão de Alçada, não tomariam conhecimento de suas sentenças; a decisão final era da Rainha. Como a Rainha enlouqueceu, coube ao Príncipe Regente Dom João a decisão, e este assim despachou: “Faça-se perpétuo silêncio”. Este processo está hoje no Museu da Inconfidência em Ouro Preto.
1) Padre Luiz Vieira da Silva – Maior líder da conspiração ao lado de Tomás Gonzaga.
2) Padre Carlos Correia de Toledo e Melo – De todos era o mais radical.
3) Padre José da Silva e Oliveira Rolim – Participou decisivamente de todas as reuniões dos INCONFIDENTES, tendo o encargo de conseguir 200 cavaleiros.
4) Padre Manoel Rodrigues da Costa – Participação discreta sem missão específica.
5) Pare José Lopes de Oliveira – Seus depoimentos foram arrasadores para a conspiração, inclusive falou sobre apoio estrangeiro à revolução.
6) Padre Francisco Vidal de Barbosa Laje – Era irmão do inconfidente Domingos Vidal de Barbosa Laje, ele escapou por terem os devassantes passado ao largo de seu nome.
7) Padre José Maria Fajardo de Assis – Ouviu do próprio TIRADENTES, toda pregação revolucionária. Nunca foi preso e interrogado como réu.
A Participação da Maçonaria na Inconfidência
A participação da Maçonaria no movimento, pode ser considerada discreta, em função de sua clandestinidade. Mas, não se pode ignorar sua presença revolucionária, no século XVIII, como um canal político de ascensão de uma nova classe no comando político do Estado. Os princípios Maçônicos de Liberdade, Igualdade e Fraternidade, que hoje parecem menores, no século XVIII, quando o comando do Estado era exercido apenas pela nobreza, tinham outro significado: Liberdade significava a abolição da Monarquia. Igualdade significava abolição de classe. Fraternidade era o objetivo moral e final de uma nova ordem.
                                                                              
 A Introdução da Maçonaria no Brasil
 A Maçonaria Azul (Inglesa, monarquista) chegou ao Brasil entre 1760 e 1770, trazida por tripulantes de “navios ingleses”.
 A Maçonaria Vermelha (francesa, republicana) está confirmada, pela existência de uma Loja na década de 1780, no Rio de Janeiro: a loja fundada por Manuel Inácio de Silva Alvarenga e Basílio da Gama, disfarçada sob o nome de Sociedade Literária, provavelmente fundada em 1786. Na verdade essa academia era uma Loja Maçônica, pelos seguintes fatos: o Estatuto rezava no seu Art. 1º “A Boa fé e o segredo”. Domingos Vidal de Barbosa Laje freqüentava a Sociedade Literária de Silva Alvarenga.
Perseguição à Maçonaria
Como se não bastasse, em 1799 o Vice Rei  Conde de Resende acusa  Luiz Beltrão de Gouveia de ser “jacobino e pedreiro livre”. A Sociedade Literária foi fechada, acusada de “jacobinismo”(republicanismo e maçonaria). A Academia de Ciências de Lisboa foi fundada em 1778 e desde o início fora objeto de suspeita por parte do Intendente Geral de Polícia, Diogo Pina Manique; que perseguia ferozmente os membros da Academia, por suspeita de que “aquilo” era Maçonaria.
Reuniões de Maçons na Clandestinidade
Nesta pesquisa, o que nos interessa é a existência de indivíduos maçons, que reunindo-se em qualquer “remanso da Paz”em horário combinado, constituíam informalmente, uma “Loja”, não importando em que parte do mundo fosse. E, era assim que no século XVIII, ocorriam as reuniões dos maçons, em Salvador, Rio de Janeiro, São Paulo, Vila Rica (Ouro Preto) ou em qualquer lugar. O que se sabe, é que a influência comercial da Inglaterra era muito grande, tanto em Portugal quanto na Colônia (Brasil), assim podemos afirmar que a Maçonaria Azul tinha grande influência no Brasil como em Portugal, e a Maçonaria Vermelha , francesa influenciava, principalmente, a classe intelectual de Portugal e do Brasil, por razões óbvias.
 A Iniciação de TIRADENTES
Lauro Sodré, 16º Grão Mestre do Grande Oriente do Brasil (1904/1906), declara que naquela época a Maçonaria permitia que se fizesse iniciações fora dos templos, por um irmão com autoridade, o que era denominado de: “Iniciação por Comunicação”. E dessa forma é que em 1787, o irmão José Álvares Maciel fez a iniciação de TIRADENTES. Hoje a Constituição da Maçonaria não permite mais iniciação por Comunicação.
O Caráter Maçônico da Reunião de 27/12/1788
Tarquínio J. B. de Oliveira, pesquisando os Autos da Devassa, em Portugal, e arquivos diversos, declara que a reunião decisiva dos Inconfidentes na residência do Ten. Cel. Francisco de Paula Freire de Andrada, na noite de 27/12/1788 teve caráter de reunião maçônica, inclusive pelo fato de ter ocorrido no dia de São João, data consagrada pela Maçonaria. “Confidências de um Inconfidente” nos informa que nesta Sessão, por proposição do irmão José Álvares Maciel, TIRADENTES foi Exaltado, recebendo o 3º Grau. Diante da indagação de alguns irmãos, Tomás Gonzaga, Cláudio Manoel da Costa e o Aleijadinho  (Mestre Lisboa) exclamaram: “ele já era um dos nossos” Apenas, ainda não houvera oportunidade para sua Exaltação.  Esta sessão Maçônica de 27/12/1788, está ritualisticamente definida, como se expressa Gonzaga: ”Na água Limpa” – O Cajado bateu 3 vezes e a porta se abriu – Vicente entrou (Vicente Vieira da Mota), relanceando o olhar para a frente e pelos lados, passou à esquerda do “livro” e foi sentar-se ao lado do estrado.
Ainda podia sentir-se o cheiro do incenso. O Venerável pôs a Ordem do Dia em Votação, sendo aprovada. Nesta noite TIRADENTES foi o “Orador”, e anunciou, se houver traição... – fez com sua voz possante – O culpado terá a morte. Os Trabalhos foram realizados em “Conselho”, tendo TIRADENTES proposto a bandeira da nova nação – branca com um tríplice triangulo de cores vermelha, azul e branca. E Alvarenga sugeriu a clássica inscrição “Liberdade ainda que tardia”- tradução do original latino: “Libertas Quae Sera Tamen”.                                              
O Templo Maçônico Oculto
Há evidência da existência de um Templo Maçônico oculto na residência de Antônio Vieira da Cruz, no Alto da Cruz em Ouro Preto. Os restos desse Templo foram desenterrados acidentalmente, motivo de reportagens em: Revista Veja de 30/05/1979, páginas 111-112; e Jornal da Tarde de Belo Horizonte, 11/09/1978. Onde está ainda em pé, um magnífico monumento de pedra, em forma de “altar maçônico”, tendo na sua base um Delta Luminoso, construído em 1792, no ano da morte de TIRADENTES e degredo dos demais Inconfidentes. Ainda há a suposição de que os restos mortais de TIRADENTES, até hoje desaparecidos, tenham sido retirados das estacas, por  irmãos maçons e levados para o interior de uma mina de ouro, abandonada , existente no quintal da casa de Antônio Vieira da Cruz, a uma profundidade de 400 metros.
A Maçonaria Baiana e os Patriotas Mineiros
TIRADENTES, como quase todos os Conjurados era “pedreiro-livre” – a evidência deste fato está muito bem caracterizada, pois, quando de sua remoção da Bahia, foi ele portador de instruções secretas da Maçonaria Bahiana para os patriotas de Minas.
A Maçonaria como Partido Político
O absolutismo reinante, era defendido pelas Ordens de nobreza, pela Igreja Católica, Academias oficiais, etc...E os comerciantes  do setor de importação e exportação, maiores interessados  na Independência do Brasil, agiam na clandestinidade – E o único “partido político” que norteava ideologicamente esses interesses de classe era a Maçonaria.
TIRADENTES, por sugestão de amigos de “partido” requereu autorização para viajar à Lisboa, para ver em que nível estavam os passos da Maçonaria, na Europa. A 1ª vez em março de 1787 e a segunda em fevereiro de 1788. Não chegou a realizar a viagem pois, o Maçom José Álvares Maciel que acabara de chegar da Europa supriu-lhe as informações de que necessitava.
Participação de Maçons  na Conjura                                                                             Tarquínio de Oliveira apresenta provas concretas sobre a existência de dois maçons na Conjura: José Álvares Maciel e Padre Luiz Vieira da Silva. Mas no cotejo das provas se depreende da existência de diversos maçons, infelizmente não em caráter documental.
O historiador Tarquínio de Oliveira cita ainda que o Conjurado João Rodrigues de Macedo abrigava em sua casa num dos magníficos salões uma “Loja Maçônica”, onde reunia os cabeças pensantes de Vila Rica. No que tange às provas documentais, nada se pode confirmar, além dos dois acima, mas dentre os Inconfidentes aptos a serem qualificados como maçons poderiam ser citados, além do Grão Mestre João Rodrigues de Macedo e do Venerável Mestre do período de 1788 em diante Luiz Vieira da Silva, seus contemporâneos Luiz Beltrão de Gouveia, Tomás Antônio Gonzaga, Cláudio Manoel da Costa, Diogo Pereira de Vasconcelos, José Pereira Ribeiro, José Álvares Maciel, Francisco de Paula Freire de Andrade, Inácio José de Alvarenga Peixoto, e o Alferes Joaquim José da Silva Xavier (TIRADENTES).
      
CONCLUSÃO    
1) TIRADENTES foi Maçom iniciado pelo Maçom Dr. José Álvares Maciel, Por Comunicação, como reconhece o Sereníssimo Grão Mestre Lauro Sodré.

2) TIRADENTES foi reconhecido pelas Potências Maçônicas Brasileiras como Maçom, de fato e de direito, ao homenageá-lo com Títulos Distintivos de suas Lojas Simbólicas
3) Cerca de mil maçons desfilam em trajes maçônicos completos, com seus paramentos (aventais, colares e luvas) em Belo Horizonte, no dia 21/04/1978, às 09,00 horas, em homenagem ao Irmão TIRADENTES, fato que,  pode e deve, também ser entendido como um reconhecimento Maçônico Post Mortem.
4) TIRADENTES foi Exaltado, recebendo o 3º Grau por proposição do irmão José Álvares Maciel em sessão realizada em  27/12/1788, num Templo improvisado na residência do Ten. Cel. Francisco de Paula Freire de Andrada.
5) Dessa forma e diante do desenvolvimento da presente Pesquisa, você, irmão, está em condições de fazer também, sua conclusão.
6) A conclusão deste Pesquisador é que TIRADENTES foi Maçom, convicto, fraterno e atuante, sendo portanto nosso IRMÃO.


BIBLIOGRAFIA:
1) A Inconfidência Mineira – Uma síntese factual. Autor: Márcio Jardim. Bibliex.
2) Rocha Negra – A legendária – Autor: Marivaldo Calvet Fagundes. A Trolha.
3) A Maçonaria e a Questão Religiosa – Autor: Marcelo Linhares. Centro Gráfico do Senado Federal.
4) A Maçonaria no Centenário -1822/1922(da Independência do Brasil). 
Autor: Antônio Giustti - Grau 33
5) TIRADENTES – O poder oculto, o livrou da forca – Autor Assis Brasil.
6) A Devassa da Devassa – A Inconfidência Mineira. Autor Kenneth Maxwell. Paz e Terra.
7) Confidências de um Inconfidente. Autora: Marilusa Moreira Vasconcellos.
8) Veja de 30/05/1979.
9) Vários “sites” das Potências Maçônicas Brasileiras.
10) Landmarks 

Peça de Arquitetura foi enviada por nosso Venerável Mestre Ailton de Oliveira

   


UM BEIJO NOS CORAÇÕES DE ÔCES UAI                                                                  

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