CAVALEIROS DO TEMPLO


Este blog tem como objetivo único, cooperar em leituras e estudos voltados para o segmento Maçônico, com textos de diversos autores e abordagens diferentes para um único tema.

Por Yrapoan Machado






quarta-feira, 24 de novembro de 2010

OS INCONFIDENTES - PARTE I


A Maçonaria na Inconfidência Mineira, está muito bem assinalada na História do Brasil. Em 1789,  a Maçonaria, unida, partiu para as lutas pela independência do Brasil, à custa do sacrifício da própria vida dos seus Obreiros. Os obreiros de HIRAN, face às bulas da Igreja e ao ato proibitório de D. João V, passaram a trabalhar clandestinamente. Assim tanto os Maçons, quanto os Conjurados passaram a realizar suas reuniões ou assembléias nas casas de uns e de outros. A 1ª reunião dos Conjurados (conspiradores), aconteceu na residência do Tem. Cel. Paula Freire, em fins de 1788, e a ele se juntaram outros conspiradores, dentre os quais TIRADENTES. Os pesquisadores mineiros, Dr Sílvio Carneiro e Professora Dorália Galesso, divulgaram o resultado de pesquisa que realizaram sobre a origem da expressão “UAI” incorporada ao vocabulário quotidiano Mineiro. “Os Inconfidentes Mineiros, mas subversivos para a Coroa Portuguesa, se comunicavam através de Senha, para se protegerem. Como conspiravam em porões e sendo quase todos maçons, recebiam os companheiros com as batidas clássicas da Maçonaria, nas portas dos esconderijos. Lá de dentro, perguntavam: Quem é ?, e os de fora respondiam: UAI – as inicias de UNIÃO, AMOR e INDEPENDÊNCIA. Só mediante o uso dessa senha, palavra de passe a porta era aberta ao visitante. A Maçonaria sendo uma instituição sigilosa passou a coordenar as ações dos conspiradores. Este fato foi muito importante nos convites aos cidadãos para sua iniciação na instituição Maçônica, principalmente dentre os Conspiradores.
      
O Encontro de TIRADENTES com o Dr. Maciel
      
TIRADENTES era muito conhecido em Minas e no Rio de Janeiro, devido à sua habilidade odontologia e de tratar enfermos, e sem dúvida, devido à sua personalidade, de alguém com todas as características e ressentimentos de um revolucionário.
Em licença no Rio de Janeiro, em 1787, TIRADENTES  reuniu-se com o Dr. José Álvares Maciel – Maçom, recém chegado da Europa, Padre Rolim e com o Cel. Joaquim Silvério dos Reis, e juntos elaboraram os primeiros planos da Conjura.
O Reconhecimento de TIRADENTES como “irmão”
Ao retornar a Minas em agosto de 1788, TIRADENTES apresentou-se ao Coronel Francisco de Paula Freire, cumprimentando-o, e este, que sabidamente não tinha simpatia pelo Alferes, de quem mantinha distância; mudou o tratamento completamente, quando TIRADENTES, participou-lhe que havia sido iniciado nos mistérios da instituição Maçônica, identificando-se com tal. Esta revelação foi sem dúvida reconhecida pelo Coronel Francisco de Paula Freire, Maçonicamente. TIRADENTES, deve ter lhe apresentado o certificado lavrado pelo irmão Maciel. Na clandestinidade, com as Lojas fechadas, as iniciações não ocorriam na forma usual e regular, como hoje. A História Antiga da Maçonaria, revela que, na clandestinidade as Iniciações eram “Por Comunicação”, como ainda hoje há nos graus Filosóficos.
Exemplo de “Iniciação por Comunicação”
      
Nesta oportunidade, apresento um exemplo surpreendentemente revelador de uma Iniciação Por Comunicação,  com certificado lavrado no ato, e que faz parte do registro histórico da Mui Excelsa Loja Centenária “Rocha Negra” – Diz o certificado: “ Certifico que, atendendo às boas qualidades e requisitos necessários, que concorrem na pessoa do Profano TOMÁS FERREIRA VALE, natural da Freguesia da Encruzilhada, Bispado do Rio de Janeiro, idade 39 anos, Religião Católica, Apostólica, Romana e em Virtude do meu Sublime Grau e dos poderes que me acho investido pelo Grande Oriente Brasileiro. O iniciei Aprendiz Maçom; devendo dar a jóia d’entrada na Loja em que se houver de filiar. Em fé do que, lhe dei o presente certificado; e para que este não possa servir senão ao dito Irmão Vale, fiz-lhe assinar seu nome à margem – Ne Varietur – Rogo portanto a todos os caríssimos irmãos o reconheçam por tal, e lhe prestem tudo quanto nos assegura nossa amada e respeitável ordem. Dado no remanso da Paz, em lugar vedado às vistas dos profanos, em São Gabriel, República Riograndense, aos três dias do 4º mês do Ano da Verdadeira Luz de 5.639.
José Mariano de Matos     Tomás Ferreira Vale, Aprendiz Maçom.
Como vimos, havia a preocupação para que tal ato fosse realizado no “Remanso da Paz, em lugar vedado às vistas dos profanos”, por um Mestre Maçom; como é hoje, só que, devidamente autorizado pela Potência, e em Templo de Loja Regular, devidamente Constituída, e em Sessão Magna convocada para tal.
A Continuidade dos Trabalhos Maçônicos
Os Maçons, na medida que , para dar continuidade o trabalho que haviam aprendido em outras lugares, onde existiam Lojas, necessitavam fundar uma oficina Maçônica para continuar ativos  dessa forma registra-se a fundação de uma Loja:

                                                                                  ”Fraternalmente reunidos no remanso da Paz, em lugar vedado a profanos os Maçons Regulares e competentemente munidos de seus Diplomas – resolveram trabalhar numa Loja provisória com o título distintivo, que trabalhará no R\E\A\A\ sob os auspícios do Grande Oriente Unido do Brasil, e elegeu para Venerável o Resptb Ir...; e para os demais cargos, os irmãos; resolveu-se impetrar da respectiva Grande Oficina a sua regularização”. Este caso é apresentado porque, na clandestinidade, muitas Lojas foram estabelecidas em Salões de Residências, para só, muito tempo depois mudarem para Templos Maçônicos, após a sagração por um Grão Mestre. Por exemplo, em São Paulo, como existiam muitos Maçons, e não existiam Lojas, em 13 de março de 1832, o estudante de Direito, José Augusto Gomes de Menezes (Ir\Badaró), junto com alguns Maçons, devidamente autorizados, fundaram a Loja “Amizade” que por algum tempo, desde a fundação funcionou na residência do Ir\Badaró; podendo iniciar profanos. Somente em 04/01/1873 é que a Loja “Amizade” inaugura o seu Templo definitivo, onde está até hoje, à Rua Tabatinguera. Esta Loja Mãe tornou-se o centro da Maçonaria paulista. 

TIRADENTES encontra comerciantes Luso-Brasileiros

Em 1776 – As Monarquias e Colônias estremecem sob o impacto da independência das 13 colônias inglesas na América. Nesta época, na cidade do Rio de Janeiro os comerciantes Luso-Brasileiros, Maçons João Rodrigues de Macedo e Antônio Ribeiro de Avelar, conheceram TIRADENTES; e com ele passaram a conspirar; nesta oportunidade, também encarregaram alguns estudantes Brasileiros de Coimbra – Portugal, e Montpelier – França, de fazerem contatos com representantes de potência estrangeiras.

Homenagem aos Incontinentes Mineiros
 Em Belo Horizonte, há um grande monumento na Praça Ruy Barbosa: ali estão os nomes dos condenados e do escravo Nicolau (que acompanhou Domingos de Abreu Vieira no degredo). É uma homenagem do Povo mineiro aos Inconfidentes.
Para uma melhor compreensão do irmão e leitor, farei um resumo da vida de cada Inconfidente.
MILITARES:
1) Ten. Cel. Francisco de Paula Freire de Andrada – comandante do Regimento de Cavalaria Paga(regular), em 1789 tinha 33 anos. Sua casa em Vila Rica com o tempo transformou-se no centro de reuniões intelectuais; sua casa ainda está de pé; é um sobrado em cujo segundo andar há dois salões.
2) Ten. Cel. Francisco Antônio Rebelo – Português, com 29 anos. Era Ajudante de Ordens do Governador de Minas.
3) Ten. Cel. Francisco Manoel da Silva e Mello – servia no Regimento de Artilharia do Rio de Janeiro; era amicíssimo do Alferes Tiradentes.
4) Sargento–mor Pedro Afonso Galvão de São Martinho – Português, era o Subcomandante do Regimento de Cavalaria de Minas.
5) Capitão Maximiniano de Oliveira Leite - comandante do Destacamento do Caminho do Rio de Janeiro.
6) Capitão Manoel da Silva Brandão – servia no Regimento da Vila Rica sob o comando do Tem. Cel. Paula Freire; era figura militar chave na conspiração, comandava o Destacamento sediado na Vila do Tejuco.
7) Capitão Antônio José de Araújo – aliciado por Tiradentes, teve participação discreta.
8) Capitão Manoel Joaquim de Sá Pinto do Rego Fortes – servia no Regimento de Voluntários Reais de São Paulo. Era amigo de Tiradentes a mais de sete anos.
9) Ten. José Antônio de Melo – era colega de Tiradentes no Regimento de Cavalaria de Minas.
10) Ten. Antônio Agostinho Lobo Leite Pereira – era do Regimento de Cavalaria de Minas, colega de Tiradentes.
11)  Alferes Joaquim José da Silva Xavier – TIRADENTES, é o maior herói nacional, já consagrado pelo apoio popular e por lei, considerado o Protomártir, o maior dentre todos os mártires do processo brasileiro de independência. Primeiro Mártir Maçom Brasileiro, publicamente reconhecido a dar sua vida pela causa da liberdade da sua pátria. Nasceu na Fazenda do Pombal, propriedade de seu pai,  situada na Vila de São João Del-Rei, em 1746. Mantinha laços de amizade com os comerciantes Antônio Ribeiro de Avelar e João Rodrigues de Macedo, em razão do papel da Sociedade Política Secreta. Em 1775, ingressa na carreira das armas, sobe rápido até o posto de Alferes, posto no qual marca passo; foi dentista e sangrador ambulante – gostava de servir aos pobres, era um filantropo. 
CIVIS:
1)   Tomás Antônio Gonzaga – Iniciou na Maçonaria em Portugal com o nome heróico de “Julião”, e ao chegar ao Brasil, reconheceu o pai de Marília, como “irmão” ao apertar a mão deste – como ele mesmo afirma: levei um susto, apertou-me a mão com efusão (toque). Não havia dúvidas. Olhamo-nos com cumplicidade. Éramos os dois “irmãos”,duas sentinelas. Estaria eu diante do primeiro irmão Maçom em Minas Gerais! Nesta oportunidade falei com o Capitão João Mayrink sobre o futuro de nossa Poderosa Irmandade. Gonzaga Foi o vulto mais importante da Conjura de 1789. Ele foi o autor da Constituição, como acontecera com os líderes Norte-Americanos. Em Coimbra foi aluno do maior expoente do iluminismo da época, o Maçom, Domingos Vandelli (seu provável iniciador) o mesmo que iniciou O Dr. José Álvares Maciel. No âmago das discussões e da evolução política, atuava discreta e secretamente a Maçonaria; aliás, como sempre foi de seu estilo, a que, afinal, era obrigada, como forma de sobrevivência. Segundo depoimento do Padre Manoel Rodrigues da Costa, Gonzaga pertencia ao “círculo dos iniciados no segredo”, juntamente com Maciel.
2) Cláudio Manoel da Costa – Dois dias após seu depoimento na Devassa, cometeu o suicídio ou foi assassinado? Era formado em Direito pela Universidade de Coimbra – Portugal. Como Advogado sabia que, para o crime de lesa-majestade, a pena era excepcionalmente cruel: esmagamento na roda dos ossos do réu vivo.
3) Inácio José de Alvarenga Peixoto – Formado em Direito pela Universidade de Coimbra – Portugal. No batizado de seus filhos, reuniu  todos os conspiradores,
4) José Álvares Maciel – Engenheiro Químico. Era Maçom, conforme as provas concretas existentes; e este fato permite provar que ela estava presente em Minas. Sabe-se porém, que a atuação da Maçonaria na Inconfidência foi discretíssima; teve um papel menor pois, a sociedade proibida dava os primeiros passos no Brasil. Era natural de Vila Rica –MG. Foi aluno excepcional, do mestre Domingos Vandelli, a quem se atribui a introdução da Maçonaria em Portugal. Maciel, como destacado aluno e colaborador de Domingos Vandelli, na Universidade de Coimbra, certamente por ele foi iniciado na Maçonaria. É preciso lembrar que a Maçonaria não tinha, à época, os fabulosos templos que hoje ostenta. Assim, as reuniões da sociedade tinham cunho ultra-secreto, sendo realizadas em qualquer local, no remanso da Paz, a portas fechadas, longe das vistas de profanos. Maciel ter-se-ia encontrado com José Joaquim da Maia em dezembro de 1787 na Universidade de Coimbra, logo após o encontro deste com Thomas Jefferson, embaixador dos EUA, na França. O fato de Maciel ser Maçom, foi revelado pelo seu confessor, que disse: Maciel reconvertera-se ao cristianismo, depois de passar pela fornalha da oficina da “Franco- Maçonaria”.
5) Francisco Antônio de Oliveira Lopes – ex Militar, tendo servido com TIRADENTES durante 6 anos. Era fazendeiro.
                                                                                   
6) Domingos de Abreu Vieira – Era português. Morava em Vila Rica; em sua casa reuniram-se e hospedaram-se por várias vezes, todos os principais  conspiradores, segundo sua confissão. Era compadre de TIRADENTES.
7) Joaquim Silvério dos Reis Montenegro Leiria Guites – Passou à História como sinônimo de traição; Não era Maçom.
8) José Aires Gomes – Era o maior fazendeiro de Minas. Foi convencido por TIRADENTES de que receberiam apoio de potências estrangeiras.
 9) João Rodrigues de Macedo – Era português e primo de Domingos José Gomes, que o apresentou aos comerciantes Antônio Ribeiro de Avelar e Antônio Gonçalves Ledo (pai de Joaquim Gonçalves Ledo, maçom de tendências republicanas), foi generoso principalmente com os presos e condenados. A reunião principal e definitiva, ocorreu em sua residência. Vicente Vieira da Mota, em seu depoimento, deixou escapar que “ali eram realizadas reuniões maçônicas”.
10)    José de Rezende Costa e José de Rezende Costa Filho.
11)  Vicente Vieira da Mota – Era contador e governava a casa de João Rodrigues de Macedo.
12)    Luiz Vaz de Toledo Piza.
13)   Domingos Vidal de Barbosa Laje – Era médico, formado pela Faculdade de Montpelier, sendo iniciado na Maçonaria. Sua participação na Inconfidência começou na França, em 1787, quando encontrou os estudantes Brasileiros José Joaquim da Maia e Barbalho, e José Mariano Leal da Câmara Rangel de Gusmão. Joaquim da Maia foi o estudante que usando o pseudônimo “Vandeke”, encontrou-se com Tomás Jefferson. Domingos Vidal esteve presente a um dos encontros, de Maia com Jefferson.
14)   José Joaquim da Maia e Barbalho – Era maçom(pai e filho), inclusive sua missão , junto a Tomás Jefferson era exatamente por ele ser maçom:
                                                                       
          Continua ...


Peça de Arquitetura enviada por nosso venerável mestre Ailton de Oliveira
            UM BEIJO NO SEU CORAÇÃO UAI                                                                        
      

Nenhum comentário:

Postar um comentário